Empreendedorismo social: porque é importante?
O setor social continua a necessitar de inúmeras reformas. A fome não dorme, a água e os cuidados médicos não chegam a todos, e as dificuldades financeiras conduzem, no extremo, a todos os problemas anteriores. Não podemos ignorar uma realidade em que as condições da vida humana são limitadas, em certas zonas do globo.
Em Portugal, o Estado cada vez mais financia menos as instituições de solidariedade, onde os fundos escasseiam para fazer frente às desigualdades. Chegamos a um ponto em que não podemos esperar pela caridade para que sejam resolvidas estas questões. Se queremos um país melhor, um mundo melhor, temos de ser nós próprios a tomar iniciativa e a promover e efetuar a mudança, construindo uma rede solidária capaz de se difundir e que preste apoio a quem precisa.
Caridade não chega
Quase todas as instituições de solidariedade subsistem através de fundos provenientes de ações de caridade. Geralmente, os doadores condicionam a utilização desse dinheiro, modelando as medidas sociais em que estão a “investir”. Por outro lado, quando esse financiamento acaba, muitos projetos são cancelados e cessam o seu contributo no terreno. Aos poucos, voltar-se-á ao início e as dificuldades ressurgirão nesses locais.
Outro dado importante consiste no facto de quase todas as instituições atuarem a uma escala reduzida, num curto raio de ação, próximo ao local onde estão sedeadas. Então, e o resto da comunidade?
Empreendedorismo social é a resposta
Perante a questão, é inegável reconhecer que o empreendedorismo social se tornou vital para a sociedade. Através de uma visão e perspetiva inovadoras, tornou-se a ponte para a criação de projetos com potencial global, com maior capacidade de abrangência.
Não podemos esperar que nos financiem, temos de partir para outras resoluções, na qual está aqui a resposta e a garantia de sustentabilidade. Nesta vertente do empreendedorismo, não existem barreiras nem fronteiras, apenas oportunidades para criar valor social. Se tem uma ideia empreendedora, porque não transformá-la e aplica-la também às desarmonias sociais? Pouco a pouco, conseguiremos transformar o mundo, e torna-lo um sítio melhor para viver.
Importância económica
No presente, verifica-se que este fenómeno se tem tornado também relevante a nível económico. Algumas das melhores iniciativas provêm de países subdesenvolvidos e são decisivas para o surgimento de novos modelos de negócio que dêem assistência nas zonas mais desfavorecidas do planeta, e permitam o crescimento das economias mais pobres.
Ao mesmo tempo, a inovação que o empreendedor social aplica acaba por oferecer outros bens e serviços. As novas práticas que daí advêm podem, em certos casos, revolucionar o próprio sistema e o modo como a política desenvolve os seus programas sociais. Numa altura em que as famílias e as empresas têm cada vez menos dinheiro, o capital “social” alia-se ao capital financeiro para fortalecer as redes económicas de relacionamento e reconhecimento mútuo entre continentes e países, o que, consequentemente, se traduz no desenvolvimento da sociedade e do próprio Homem.
No fundo, o empreendedorismo social, sem se tornar uma panaceia, é o catalisador de mudança para uma sociedade equitativa, mais justa, mais solidária. Acima de tudo, é um árduo e necessário desafio, pois todos merecemos as mesmas oportunidades neste mundo, e há quem não chegue a ter sequer a digna oportunidade da vida.